Rebeldia

Apesar de existirem jovens mais calminhos, a rebeldia é, sem dúvida, uma característica constantemente associada à adolescência. E se pensarmos vemos que existem imensas formas de rebeldia. Os jovens sentem necessidade de experimentar coisas novas, de inovar, de ir além do mundo que até então conheciam. Esta atitude vai, quase sempre, contra as ideias proteccionistas dos pais que, ao longo dos anos vão tecendo uma espécie de redoma em torno dos filhos. Por preocupação, ou então por necessidade de garantir o estatuto de pais, de autoridade (medo de perder o controlo e respeito dos filhos), há uma tendência comum a todos os pais (ou quase todos) de “prender” os filhos. Seja qual for a razão, para eles os filhos são sempre crianças. O facto de ter 8 ou 18 anos é indiferente; a preocupação e os cuidados são sempre os mesmos. Quando a adolescência se aproxima causa uma situação um tanto desconfortável para ambos os lados. Os filhos queixam-se da falta de liberdade e confiança por parte dos pais, ao passo que estes se vêm perante um dilema: por um lado querem mostrar que são pais modernos, actualizados, que estão a par das novas tendências, da evolução do mundo; por outro a preocupação inevitável leva-os a agir muitas vezes de um modo primitivo. Surgem assim as típicas conversas: Filho − “Alguma vez te dei razões para desconfiar de mim?”, Pai/Mãe − “Em ti confio mas…” o que acontece frequentemente é que os filhos não se dão ao trabalho de apresentar os amigos o que aumenta a preocupação dos pais. Estes pensam: “será que anda em boa companhia?” sim porque lá diz o velho ditado “diz-me com quem andas dir-te-ei quem és”. Como vêm uma atitude simples como a de apresentar os amigos, levá-los lá a casa de vez em quando pode facilitar muito as coisas. O que não quer dizer que resolve todos os problemas. Como adolescente que sou, tento sempre colocar-me no lugar dos meus pais e admito que a preocupação deles é normal. E realmente não se trata de um caso de falta de confiança; a verdade é que, o mundo em que vivemos não é propriamente um mar de rosas, o perigo espreita ao virar de cada esquina. Mas também é verdade que mesmo em casa ou na escola estamos expostos a uma enorme quantidade de perigos. Aí surge novamente o problema das companhias. Nunca vos aconteceu os vossos pais dizerem: “só sais se o teu irmão (mais velho) for contigo”? (isto é só um exemplo) Mesmo assim é difícil para eles porque, como já referi, os filhos, por muito que cresçam, mesmo em adultos, são sempre alvo da preocupação paternal. E no exemplo que dei, a preocupação é a dobrar. Acontece que os filhos nem sempre se dão ao trabalho de se colocar na posição dos pais e agem precipitadamente acabando por se magoar uns aos outros desnecessariamente.